A busca por bem-estar não se limita mais ao autocuidado individual.
Ela se tornou um eixo estratégico em setores como o turismo e o mercado imobiliário, redefinindo o que significa viver bem.
Com base na cultura do wellness, destinos e empreendimentos passaram a se estruturar para oferecer experiências que conectam saúde, natureza, conforto e equilíbrio emocional.
Essa mudança de comportamento não surgiu do acaso.
Um levantamento do Global Wellness Institute mostrou que o setor de wellness movimentou cerca de US$ 5,6 trilhões em 2022, com destaque para o turismo e o mercado de estilo de vida saudável.
No Brasil, a tendência vem ganhando força, sobretudo após a pandemia, que impulsionou reflexões sobre propósito, qualidade de vida e saúde mental.
O turismo como experiência de autocuidado
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A transformação do turismo tradicional em turismo de bem-estar representa uma mudança na motivação das viagens.
O que antes era pautado apenas por lazer ou descanso, hoje se expande para incluir reconexão, saúde e propósito.
Hospedagens e resorts vêm se adaptando a essa nova demanda.
Em locais que exalam natureza, seja por praias como Maceió, ou Chapada dos Veadeiros com cachoeiras, por exemplo, é possível encontrar resorts que unem práticas diversas.
As experiências vão de yoga ao nascer do sol, alimentação natural com ingredientes locais, massagens terapêuticas e trilhas ecológicas com orientação de guias especializados em botânica e meditação, são alguns dos exemplos.
Esse tipo de experiência atende a um público mais consciente, que valoriza a integração entre corpo, mente e ambiente.
E também contribui para movimentar a economia local, ao incentivar o consumo de produtos artesanais, terapias integrativas e roteiros sustentáveis.
Wellness no mercado náutico e o luxo consciente
A relação entre wellness e luxo deixou de ser estética. Hoje, bem-estar é parte do conceito de sofisticação.
E isso tem impactos diretos no mercado náutico.
Experiências de navegação ganharam novos contornos.
Vai além de ter uma embarcação de alto padrão, é também sobre usá-la como espaço de contemplação e conexão com a natureza.
Muitas pessoas passaram a procurar lanchas usadas à venda não somente como símbolo de status, mas como meio de escape do estresse urbano.
Ao incluir terapias sonoras durante passeios, piqueniques funcionais com alimentos orgânicos a bordo ou atividades físicas na água (como stand up paddle e hidro yoga), o setor amplia a proposta de valor desses equipamentos.
Isso se alinha ao conceito de slow living, onde o tempo ganha um novo significado e a experiência supera o consumo.
Imóveis e empreendimentos com foco em saúde e bem-estar

No mercado imobiliário, wellness deixou de ser um diferencial para se tornar exigência.
Empreendimentos que incorporam conceitos de biofilia, ventilação cruzada, uso de materiais naturais, espaços para práticas contemplativas e áreas verdes estão em alta.
O conceito de wellness real estate, consolidado em países como EUA e Canadá, também cresce no Brasil.
Em grandes centros urbanos, há aumento da procura por imóveis à venda em São Paulo que combinem localização estratégica com áreas de descompressão, hortas comunitárias, coworkings integrados à natureza e academias ao ar livre.
Arquitetos e construtoras passaram a aplicar princípios da neuroarquitetura e da psicologia ambiental no planejamento dos espaços, visando à redução do estresse, aumento da produtividade e melhora da saúde emocional dos moradores.
O foco está na metragem e acabamento, além de na qualidade de vida real que aquele ambiente proporciona.
Como os empreendedores estão se adaptando
Diante desse cenário, negócios de diferentes áreas estão se posicionando de forma mais estratégica.
Como? Não é suficiente fornecer um serviço; é necessário proporcionar bem-estar ao cliente.
Empresas do setor alimentício, por exemplo, vêm incorporando ingredientes funcionais e criando experiências de consumo mais sensoriais.
Clínicas de estética substituíram ambientes frios por espaços com iluminação natural, aromas calmantes e música ambiente.
No turismo, operadoras passaram a montar pacotes que priorizam rotas sustentáveis, hospedagens com práticas ESG e experiências personalizadas, como retiros de detox digital, trilhas terapêuticas ou oficinas de respiração consciente.
O wellness como modelo de vida e consumo

Cada vez mais entendemos que o wellness tem se consolidado como um modelo de vida, não só como uma tendência passageira. Já que o início desse movimento foi impulsionado pela pandemia e anos depois ainda segue em pleno crescimento.
Questões como a saúde mental e física, levam as pessoas para a valorização de experiências enriquecidas que promovem diversão, mas com conscientização e saúde.
Isso influencia diretamente o comportamento do consumidor, que hoje prioriza marcas, produtos e experiências que ofereçam mais do que status ou funcionalidade: precisam gerar bem-estar genuíno.
Por isso, empreendimentos que integram saúde física, emocional e ambiental tendem a se destacar.
E o sucesso passa a estar na capacidade de gerar transformações reais nas pessoas.
Para quem atua em setores como turismo, construção civil ou lazer, compreender a lógica do wellness é uma forma de se manter relevante e competitivo em 2025 e além.